Rublev
Primeiro quarto do século XV:
Respingos
de água na tela distorcem a visão do
espectador .
Assim morre Foma,
o inexperiente ajudante de Rublev.
(Na verdade, Foma é acertado nas costas
por uma flecha
durante uma invasão tártara a
Vladimir).
Ao cair no rio,
a água é impulsionada
e assim vemos
em câmera lenta
os respingos embotando o
vidro.
Mas o esvair da vida ganha reforço
quando vemos as tintas desse
aprendiz de pintor
dissolver-se
languidamente
rio abaixo
Robert Frost acredita que a “poesia é quando uma emoção encontra seu pensamento e o pensamento encontra palavras”. Esse poema é uma perfeita apreensão de uma cena forte, viva... É interessante ver o paradoxo, a morte de Foma ganha vida nas palavras de um poeta contemplativo. Um lindo poema!
ResponderExcluirImagem muito bem escolhida para representar o filme, bastante icônica (sobre alguém cuja arte era produzir ícones!). A água do rio como uma tela fluida, na qual a tinta, na mesma proporção que escapa do corpo do aprendiz, levando-lhe à morte, colore a vida por meio da arte... A morte do aprendiz, que é vida na arte, morte redimida em arte pelo olhar do eu poético tarkovskiano... Muito fanopeico, de fato! Estamos lá, com Foma, acompanhando a tinta lentamente esvaindo de seu corpo...
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