segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

As I died
My voice grew just a little steep
A glitter
in some dark crater of flesh

It was late and all had gone to bed
The sand echoed and swallowed
my touch
It breathed more wholly than myself
while I was still alive

I was a grain, a grainy thing
I was hidden in the crater, just trying to
echo

Now death does me up
It enhances my notes, my heights are
smooth
I sigh and cry all night

The flints are thrown 
in beautiful scarlets skywide

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Fragmento de um livro de memórias interrompido II

Ur
Uruk
Nipur
 Lagash,
 Kish
 e Eridu.

[Fiz questão de memorizar os nomes das cidades mesopotâmicas que arrastava comigo como um rabo escadaria abaixo, ao sair da biblioteca.
Eram dias arejados e me empenhava em estudar coisas por mim mesmo, embora acabasse caindo em um estado meditativo e letárgico ao olhar as fotos do museu de Bagdá.
 Imaginei uma estória em que encontrava uma moeda rara no jardim em frente à escola. Ansiava por coisas remotas, e a antiguidade me recompensava com sua aura mágica.

 Ainda não consigo aceitar que aquele curioso dragão babilônio que vi em um desses livros pode ter sido destruído nos bombardeios de 2003]. 

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Rublev

Primeiro quarto do século XV:
                                 Respingos de água na tela distorcem a visão do
espectador .


Assim morre Foma,
o inexperiente ajudante de Rublev.

(Na verdade, Foma é acertado nas costas por uma flecha
durante uma invasão tártara a Vladimir).

Ao cair no rio,
                        a água é impulsionada
  e  assim vemos
 em câmera lenta
                        os respingos embotando o vidro.

 Mas o esvair da vida ganha reforço
quando vemos as tintas desse aprendiz de pintor
 dissolver-se
                  languidamente


rio abaixo

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Fragmento de um livro de memórias interrompido

VII
O que chegou até mim dos meses em que anotei meus sonhos? Naturalmente, apenas as imagens (narrativas) tortas, vertiginosas ou aquosas dos últimos. Elas varreram todos os demais acontecimentos e se cristalizaram num estrato furta-cor. Lá está o labirinto vertical – um morro com trilhos cheios de cascalhos – onde teria rompido meu joelho e esperado ansiosamente o sangue escorrer (o que não aconteceu, para meu grande incômodo). Lá também se encontram as praias inalcançáveis, as piscinas lamacentas, e a longa avenida onde as pessoas caminhavam despreocupadamente com água até os tornozelos. Em uma mata, zanzava incessantemente em busca/em fuga de um par de olhos desincorporados escondidos entre arbustos. Em uma espécie de canyon, não conseguia voltar ao entreposto e continuava a zanzar madrugada a fora, me distanciando cada vez mais de onde deveria estar. 



quarta-feira, 29 de julho de 2015

I arise with the mist                                             
 of a thousand voices:                             :
A thick blanket of bees.                
                                                            
They pierce me with their being,             
with the sad hint                                  
We’re part of the same scheme.                                       

Apart, lies a world that                           
 is not living.                                                
A soothing sense of                                        
 suspension unbinds                                                   
 my feet.                                                        
I hear a soundless murmur:      .
And human hubbub                                          
 gives way                                                         
To a balmy void.                                                                     


           

   

segunda-feira, 27 de julho de 2015


De retalhos fazemos as coisas
também de pecinhas
mordidas
largadas em caixas carcomidas

com restos arrastamos os rastros
em barbantes rotos atrás de nós mesmos

e as ideias que pensamos tão novas
alinhavam-se em
listras de coisas pensadas antigamente

aparas, fiapos, cadarços,
um botão de camisa desprendido
tudo volta, aquilo que quisemos
e o que não